quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Proposta de cena

O ovo de pano é um tecido dentro do qual algo acontece e que o público olha/ vê enfiando a
cabeça num buraco. Cada um num buraco. A pessoa se vê restrita a uma cabeça porquê vê várias
outras cabeças. E só vê cabeças. E um corpo. O corpo do ovo.
Se fora do ovo de pano é Black-out, as asas de Eros do corpo ficam livres no escuro do fora. E a
pessoa tem a certeza de que aquele loirinho do seu lado não está vendo, mas rola um eu-excitado
ou uma coceira na bunda.
E condensa no olho. E volta a fortalecer a relação olho-olho. O corpo desaparece. E reaparece
dentro. Pendurado, ou na altura das cabeças, ou mudando a referência de espaço. Todos os
pescoços e cabeças numa divisão do sentido.
Duvido que a Maria não queira enfiar a cabeça no ovo de pano. E a luz de ser no ovo é luz de
dentro. E relação de cabana. Si cabana.
Forma de decupagem do corpo do público. Percepção de fora e de dentro.
Luz dentro, ovo. Cena corpo. Black-out fora, liberdade do corpo que não existe.
Ovo se fecha depois de expulsar as cabeças. O corpo desaparece sob o pano branco. Ovo
quebrado.
Retirando o ovo do público, ele nasce, corta, reestabelece a relação com seu espaço, enquanto seu
ex-ovo vira o casulo do corpo único e desvira borboleta.
Luz fora, teatro de sombras no ovo das cabeças.
Black-out dentro, pânico no ovo escuridão.

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Nas cordas do infinitesimal by Heyk Pimenta is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Unported License.